Bom, esse artigo foi feito pra tentar explicar um pouco dessa teoria “política” que não deixei bem clara no artigo sobre o Surrealismo e a Anarquia, fato esse que pode ter gerado o comentário muito bem vindo da Elizabeth.
Será mesmo que a proposta anarquista era a de ir contra tudo de forma irresponsável sem dar nenhuma contra-partida como solução? A história parece mostrar que não. O fato é que as contribuições anarquistas sobrevivem até hoje, a proposta está, não num plano de governo como fez nosso ilustre Presidente da República para galgar sua posição, mas sim na maneira de pensar de uma sociedade inteira. Exemplo: como você sabe, o ensino até algumas décadas atrás era pautado na “autoridade” do professor sobre o restante da sala de aula. Se alguém desse um pio na hora errada, sua punição flertava com a humilhação até castigos físicos. O respeito professor aluno simplesmente não existia, era uma relação de medo, a meu ver. Você pode pensar: “mas funcionou”. Sim, funcionou tão bem que conseguiram entupir o planeta de poluição, racismo, guerras etc…
A pedagogia libertária, proposta por diversos pensadores da filosofia anarquista, dentre eles Kropotkin, era o inverso de tudo acima citado. A pedagogia libertária pauta-se não na autoridade do medo mas na do respeito mútuo. Respeita-se a autoridade porque ela foi conquistada não imposta. E o que você nota nas salas de aula hoje em dia?
Mas isso é só um dos exemplos do que eu quis citar. Outro é sobre a administração pública. Brasília, ao contrário do resto das cidades brasileiras, não é gerida por um prefeito nem possuí vereadores. A gestão lá é feita por um administrador escolhido pelo governador do Distrito Federal. Sim, mas o que isso tem a ver com o anarquismo? A proposta sempre foi essa, o contrato como forma de gestão da coisa pública. A democracia gera esse efeito de que a “maioria” é quem decide. Sim é verdade, mas e as minorias? Sim, são várias! Para você ter uma idéia, algo em torno de 5 milhões de pessoas anularam seus votos nas últimas eleições presidenciais. Ou seja, essas 5 milhões de pessoas tem sua opinião esmagada pela vontade da “maioria”. E isso não é uma exclusividade democrática, o socialismo conseguiu realizar o mesmo feito com a ditadura do proletariado. No entanto quando a autoridade para se administrar a coisa pública é conquistada e não imposta, talvez o problema possa ter uma solução.
Bom, o artigo ficou longo, eu só quis citar alguns exemplos, se alguém tiver algo a discordar, por favor, comente!
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