Olha o hífen!

17 03 2009

E para não dizer que não falei (mal), da reforma ortográfica, me lanço agora a esta árdua tarefa. Do alto dos meus tantos anos de português, que agora posso chamar de antigo, ultrapassado, reformado, mal fadado, posso dizer que mais aprendi por osmoze que pela dedicação aos livros da escola. Embora não seja adepta do internetês, o esperanto que “deu certo”, (sou obrigada a conviver com esta língua incontáveis vezes ao dia), sigo escrevendo legilvelmente, digo inteligivelmente, e vez ou outra usando alguma palavrinha chocante aos cérebros mais “sensíveis”. Eu gosto disso. Não pelo desentendimento, mas pelo uso. Existem palavras tão charmosas quanto os anos 20 e são esquecidas, confundidas e pior, assassinadas, como vemos acontecer e nem por isso as pessoas ficam chocadas. Aliás, não sei o por que essa admiração pois, nada é chocante enquanto não for conhecido. E repito, conhecido, não apenas sabido. Acredito que a maioria das pessoas ficam preocupadas com a reforma pelo temor de se verem obrigadas a rever sua grafia, nada mais. É apenas o medo da obrigação, um incômodo sem fundamento. Nisso concordo. Qual é a legitimidade de tal acontecimento? Claro, que esquecimento o meu, neste mundo globalizado falar o mesmo idioma é básico. Então fico me perguntando, por que então não definimos alguma língua dominante para ser o idioma universal. Assim todos falariam da mesma forma. Certo? Mais errado do que nunca. Jamais falaremos a mesma língua, mesmo utilizando a mesma ortografia. Pense bem, qual é a chance que tenho em escrever tal como um europeu ou um africano? Essas correções estapafúrdias não farão essa diferença, a não ser nos cofres.Qualquer reforma custa dinheiro e isso todos sabem. Um outro bom motivo para a reforma: aproximar os países que falam este belo idioma em que vos escrevo. Sim, “temos” – nós? Brasileiros pacífico-preguiçosos – que fazer Portugal engolir alguma coisa, afinal, fomos colonizados, surrupiados por eles até a medula, sofremos até hoje as demências, melhor dizendo a cretinice de um povo que tem um sistema moribundo sempre em busca de muletas para amparar a próxima campanha eleitoral, enquanto nós brasileiros pacífico-ilusionistas vamos caminhando e cantando, sem conhecer a canção, aceitando esmolas. Esmolas pagas! Se aqui no Brasil temos que engolir, como bons brasileiros pacífico-acomodados (olha o hífen!), toda esta fanfarra, com prazo final para que todos estejam já utilizando do novíssimo idioma, nos demais países a coisa anda um pouco diferente e já ouvi muitos se perguntando: e se Portugal não aceitar? Pois bem, que não aceite! Imagine a cena. Agora faço até mais que um minuto de silêncio (não mental), em que imagino a cara que não conheço dos sabichões que encabeçam a reforma. E dos outros milhões que estão pagando. Voltaríamos ao nosso “antigo” idioma? Ou a tão empenhada campanha de aproximação tornaria maior ainda o abismo que nos separam? – Em tempo, nada falaram dos clichês. Céus que me protejam de provas e trabalhos sob a nova ortografia. Diminui-se os acentos, aumentam-se os porques e eu ainda nem sei usar os quatro existentes.

Jogadinha: Eu gosto muito de gatos.

Esse gato tem pêlos brancos e bosques cheios de neve pela frente. Um longo caminho. Eu gosto muito de gatos.

Esse gato tem pelos brancos bosques cheios de neve pela frente, um longo caminho.

Eu realmente gosto da língua portuguesa e dos brasileiros. Este texto não foi escrito em português culto, nem reformado.

f.





Reforma ortográfica

20 05 2008

Dia 19/05/08 foi assinado em Portugal o acordo ortográfico que unificará a língua portuguesa em diversos países lusófonos. No Brasil, como tudo que acontece no Congresso, a implementação da mudança ainda está enrolada. O acordo já foi firmado por mais de 3 países como quer a tal Comunidade de Países de Língua Portuguesa e nada de mudanças por aqui. Se você quiser mais detalhes clique aqui e aqui.

O interessante é notar o inconformismo dos portugueses. Pelo que li, pensam que os brasileiros em geral aprovam e apoiam a tal mudança. Mas pera aí cara-pálida! Os brasileiros mal sabem compreender um texto simples quiçá uma reforma ortográfica inteira… E não param por aí, zombam da nossa maneira de falar! Eu não vou, tal qual o O Andarilho não vai, começar uma guerra Brasil-Portugal, embora deveria, no entanto, após ter lido as mudanças na ortografia, penso que vieram para o bem, pelo menos para o Brasil. Eu NUNCA aprendi como usar a desgraça do trema, nem jamais soube pontuar seguindo regras nojentas de análise sintática, tudo que aprendi foi graças à leitura, jamais graças às, perdõem-me, professoras estúpidas que, virava e mexia, me deixam de recuperção com riscos de repetência. Tudo que elas sabiam fazer era entupir a lousa com obejtos diretos e indiretos, verbos que transitam e toda perda de tempo dos nossos tempos de… “Ensino Médio” né?

Talvez se as mudanças só ocorresem por aqui as coisas fossem mais fáceis, porque se depender dos portugueses vamos voltar a ir para as Pharmácias comprar hervas medicinais.