Pode-se dizer que Ernst foi um dos primeiros pintores surrealistas propriamente dito. Como fiz com Dalí, não vou escrever uma biografia, isso também já foi feito (o autor é Ulrich Bischoff e o livro, salvo engano, chama-se Max Ernst 1891-1976: além da pintura), vou é comentar o que de mais importante considero na vida de Ernst porque ele fez mais do que viver, judeu de origem alemã (perseguido na 2ª guerra), pensou um mundo das artes diferente e foi o primeiro a propor duas coisas nesse intrigante mundo: parar de fazer as coisas ou como elas são (acadêmicos), ou parar de fazer sempre a mesma coisa (naturezas mortas, flores etc). Com seu O elefante Célebès, a pintura teve um novo marco, retratar ou criar segundo pré-definições estéticas não era mais tão importante, o que entrava em voga era aquilo que o subconsciente retrava. Ernst encarava isso como um não planejamento das imagens, elas simplesmente apareciam no decorrer do seu trabalho.
Tanto era assim que Ernst nunca teve aulas formais de pintura. Suas técnicas não se limitavam a pincelar quadros, ia muito além, criou métodos dos mais variados, dentre os mais conhecidos, os da colagem, fotocolagem, fricções, transferências etc. De posse de tais métodos/técnicas, Ernest foi um dos poucos “pintores” a demonstrar que genialidade e arte não andavam de mãos dadas de jeito nenhum, dizia que uma vez dominada a técnica, o que se pode fazer beira o infinito.
O que mais me chamou (e continua chamando) a atenção em Ernst são duas “pinturas” ímpar, nelas a técnica utilizada é a da transferência. Pelo que entendi, Ernst pegava uma fatia de pão ou mesmo um papel, colocava tinta e espremia na tela… As imagens que brotam são sem-iguais! Dizia ele que tal técnica, no início, é meio complicada e irritante, porque você tem que testar a pressão de várias formas, mas depois de alguma experiência, o resultado é algo como Europa depois da chuva (ou Europe after the rain). Não sei se ele se referiu à deusa Europa ou ao continente, entretanto, explicar quadros surrealistas é a última coisa que pretendo fazer. É claro que a maioria dos quadros famosos não foi feita por meio dessa técninca, um belo exemplo de quadro que causou o maior rebuliço foi o A virgem espanca o menino Jesus vigiada por 3 testemunhas: André Breton, Paul Eluard e o próprio artista. Os motivos são óbvios… Outra característica marcante dos quadros ernstinos de Ernst são que você dificilmente vá notar alguma semelhança intrínseca na forma ou mesmo nos desenhos. A diferença é tanta que se você enfileirar vários quadros dele, dificilmente vai parecer que só uma pessoa pintou de tantas formas.
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O elefanta Célebès
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A virgem espanca o menino Jesus vigiada por 3 testemunhas, André Breton, Paul Eluard e o próprio artista
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Max Ernst – Europa depois da chuva
Bom, Ernst fica por aqui, vale lembrar que surrealistas nunca andam sozinhos, Leonora Carrington, pintora que também será alvo de um comentário do Surrealismo do Acaso (um dia), andou dando uns malhos com nosso surrealista-tema, malhos esses muito mal sucedidos, ambos comeram o pão-que-o-diabo-amassou, não por causa da moral e bons costumes, culpa de Hitler, mais uma vez.
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