A metamorfose kafkiana

7 05 2009

Kafka deve ter sido interpretado de inúmeras maneiras. A partir do momento que você escreve alguma coisa, quem lê digere aquilo da maneira que lhe convém e reproduz do jeito que quer, é fato. Com Kafka não é diferente, basta fazer uma breve pesquisa no Google que os resultados vão pulular na sua tela.

Um de seus livros mais interessantes é a Metamorfose, tanto pelas diversas interpretações quanto pela história. E pelo que me parece as escolas estão cobrando sua leitura. Se você chegou aqui procurando um resumo, achou. Faça o seu trabalho da escola, mas por favor não pare por aí. Feito o trabalho, a leitura não é mais obrigatória, portanto muito mais prazerosa. O texto é pequeno, não vai perder nem um dia da sua vida, pelo contrário, vai ganhar e muito. 

Interprete Kafka à sua maneira, te ponha no lugar da baratona, sinta os olhares daquele povo. Não é tão absurdo quanto parece, garanto. Pra falar a verdade o mundo de hoje é tão mais absurdo que uma comparação seria injusta…

Kafka

Lembre, Kafka era um advogado mas trabalhou como bancário a vida toda, ou seja, com certeza conheceu a mais lenta burocracia de toda galáxia (imagine os bancos em 1920), nunca foi bem sucecido nem queria que seus livros fossem publicados depois de morto. Judeu, sexualmente frustrado tido por alguns como homossexual (não sei como nem porque), Franz Kafka também é para mim um dos maiores romancistas que a história já conheceu. A biografia é “triste”, concordo e infelizmente, quanto pior pra eles melhor para seus leitores…

Crédito fotográficos: Flickr e blog.





Prelúdio do ser

30 03 2008

“Certa manhã, depois de despertar de sonhos intranqüilos, Gregor Samsa encontrou-se em sua cama metamorfoseado em um inseto monstruoso”… ”O que aconteceu comigo?”

Este é o começo de A Metamorfose, na opinião de muitos e minha também, um dos melhores livros de Kafkaum dos melhores começos já escritos, destes que não deixa pistas ao leitor de sua continuidade, assim como o leitor, ao acordar não sabe o que lhe acontecerá.

Certa manhã, depois de despertar de sonhos intranqüilos, Somniu Om encontrou-se em seu leito com mais de uma centena de seres rodeando-lhe as pernas, agora um ninho de rastejantes e esguios seres invertebrados. “O que aconteceu comigo?”

É sabido que Somniu tem seus momentos inglórios, onde a boa sorte é lançada fora e surte uma insurreição de abominações.

Certa manhã, depois de uma noite mal dormida, C. virou-se para o lado esquerdo da cama e pode ver que ali permanecia o corpo inerte de seus pesadelos.

C. depois de refazer o caminho onírico deu de ombros e enlouqueceu.

Hipócrates, fundador da medicina moderna, formulou a teoria do valor diagnóstico dos sonhos, pois, segundo ele, a alma que se dedica por inteiro ao corpo na vigília, pode avaliar durante o sono o equilíbrio do conjunto e através dos sonhos, perceber as causas das enfermidades sofridas.

Esta verdade me foi reafirmada na sexta passada quando depois de desligar o despertador voltei a dormir e por várias vezes durante um breve sonho, alguém me chamava, avisando que iria chegar atrasada ao trabalho.

Devia ter dado “ouvidos” ao sonho. Aliás, adoro quando ocorrem os chamados sonhos lúcidos, fenômeno raro, difícil de controlar, mas que é um verdadeiro acontecimento.

O sonho, uma das fontes do movimento a que este blog se dedica, é realmente um profundo poço de incertezas e mistérios já amplamente discutido pelos “gregos anteriores a Homero, que consideravam que o cosmos estava organizado em forma de uma série de círculos concêntricos (…). Na geografia mítica grega, os sonhos existiam nos limites exteriores do mundo real e próximos de seus começos.”*

Um dos quadro de Dalí, O Grande Paranóico, é um dos mais enigmáticos para mim, destes que merecem admiração e um outro ensaio.

f. 

*Do livro Sonhos e Visões de David C. e Susan H.





A metamorfose – Franz Kafka

16 09 2006

Obra, ao meu ver (e de muitos outros também), surrealista do escritor tcheco Franz Kafka autor de O Processo e outros.

Nesse livro, Kafka relata o acontecimento inusitado de Gregor Samsa que, depois de uma noite agitada, desperta com seu corpo transformado em alguma coisa “asquerosa”. Gregor acha, a princípio que aquilo é um sonho. Após algum tempo caí na realidade e se ve transformado num imenso inseto. Não deixa ninguém entrar em seu quarto. Gregor era basicamente o chefe de sua família constituída por seu pai, sua mãe e sua irmã. Quando reparam que Gregor faltara ao serviço começam a insistir para entrarem no seu quarto, desconfiam de alguma doença. Gregor, nesse meio tempo começa a se analisar, sente seu casco, suas novas “patinhas” e fica aturdido com tudo aquilo. A impressão que se tem é que Gregor se transformara numa barata gigante.
Após algum tempo a família consegue arrombar a porta e “vislumbra” o enorme inseto. Todos ficam aturdidos, o pai de Gregor tenta mata-lo com um pedaço de pau mas logo percebem que se trata de Gregor pois o inseto não os trata com hostilidade. Mais tarde, mas ainda no mesmo dia, o chefe de Gregor vai à sua casa tirar satisfações e se depara com Gregor-inseto. Ele se assusta, mas promete esquecer o assunto. Dias depois, todos na casa arranjam empregos e Gregor é alimentado por sua irmã, a única que entra no quarto. É bom lembrar que Gregor não consegue mais comer comida normal, a irmã, o único ente da família que suporta ver Gregor é quem a leva comida estragada para ele, coisas podres, etc. Gregor então, diante de tal situação, começa a sentir um estorvo, um fardo muito grande para a família que, não obstante estarem trabalhando, tiveram que alugar comodos de sua casa para cobrir os gastos. Após um tempo, Gregor tenta sair de sua alcova mas sofre um acidente caí e, depois de agonizar, morre.
A empregada acha o cadáver, mostra aos familiares, que aparentam chorar. Eles se livram do cadáver, vendem a casa, compra um lugar menor e, por incrível que pareça, decidem, logo após tudo isso, casar sua filha

De novo repito, isso é só um resuminhozinho, que quiser saber circunstâncias e pormenores que leiam o livro, que por sinal é uma obra fantástica.