Caminhando contra o vento, sem lenço sem documento no sol de quase dezembro… Eu vou!
Eu não sou nenhum pouco fã do Veloso, pelo contrário. Mas esse pedaço de música é a materialização do acaso, é a explicação mais simples do acaso. A rotina é surda, embora os acasos sempre estejam presentes nela, só alguns tipos dele possuem o poder de se infiltrar nos nossos sentidos. A rotina é como o rio Tiête para os paulistanos, fede pra caralho mas eles não conseguem evitar passar por ele… Já o acaso é algo como uma nuvem cinza-escuro que, depois da trovada, faz descer a água mais limpa e clara que o planeta pode produzir. É como Voltaire diria: “Se não encontrarmos nada agradável, ao menos devemos encontrar algo novo”.
O acaso não quer ser percebido, ele é como um adolescente de 15 anos, sem casa nem família, cheio de espinhas na cara. Faz de tudo pra esconder aquilo que o torna especial, seja duma maneira boa ou ruim. Aqueles que entendem esse adolescente são despertados pela voz úmida do acaso e, de repente, despertam também para a vida. Claro que depois tudo volta ao normal, você no sono surdo da rotina do Tiête e o adolescente na sua busca por alguém que o entenda.
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