Surrealismo em vídeo 2

4 06 2009

Eu que fiz!





Como dar aulas sobre surrealismo

5 05 2009

Professora ou professor do meu Brasil varonil, eu não faço a menor idéia em que série a gente aprende sobre surrealismo, o que eu sei é que tudo que aprendi sobre foi com minhas pesquisas, leituras e visitas a museus. Mas parecem que resolveram ensinar nas escolas, então não perca a oportunidade de ensinar essa mulecada o valor real do surrealismo.

Lição 1 – Não supervalorize Salvador Dalí. O surrealismo foi muito além do que o bigodudo aí fez, claro que deixá-lo de lado não é uma escolha. Mostre suas telas, mostre suas singularidades mas não deixe o homem superar a obra, Dalí foi um dentre vários. Não esqueça de levar o perfume…

Lição 2 – Diferentemente das outras expressões artísticas, o surrealismo não se importa do que vão pensar das suas telas. Sendo assim, cuidado ao mostrar uma onde a virgem espanca o menino Jesus. Os pais e responsáveis podem ficar putos e uma demissão pode vir a acontecer. 

Lição 3 – Surrealismo não é só pintura. Vale a pena dar uma lida no Manifesto escrito por Breton, tanto pela parte histórica quanto pelo significado do movimento. Sim, é um pouco extenso e de vez em quando chato, nada que tenha matado alguém entretanto.

Lição 4 – Mostre o filme Um cão andaluz. Como eu disse, o surrealismo foi além da pintura. O filme é ótimo, algumas cenas são imprórias, admito, mas nada tão violento quanto o PicaPau ou o Frajola. É preto e branco, sem som, completamente nonsense, mas é mais do que uma aula de surrealismo, além de ser de pouca duração. Caso não o tenha disponível, aí vai o link para download: Um cão andaluz. O filme foi dirigido por Luis Buñuel e o próprio ícone, Salvador Dalí. De qualquer forma é melhor assistir antes de mostrar pra galerinha…

Lição 5 – Vanguarda é completamente diferente de chefia. Afinal de contas Breton nunca cobrou aluguel dos artistas por entupirem seu apartamento, não ganhou nenhum dinheiro significativo, nem se promoveu a tal ponto. Vanguardas estavam um passo a frente na cultura artística de sua época e por isso se posicionavam no pelotão de frente. Já a vanguarda surrealista, diferentemente do que propõe os wikipedistas, não se considerava a detentora da verdade, porém chegou a expulsar membros que não seguiam a linha “imposta” ao resto dos “militantes”.

Lição 6 – Kafka. Embora a maioria dos chatos literatos brasileiros não enxerguem em Kafka um potencial surrealista, na minha opinião A Metamorfose está muito perto disso. Um ser que se transforma num barata, a única explicação é essa: surrealismo.

Lição 7 – Miró. Se tudo isso parecer um pouco chato, nada melhor do que mostrar algumas telas, certo? E por que não Miró? Seus quadros são os que possuem aquela coisa lúdica mais implícita, duvido que uma criança ou adolescente não goste… 

Lição 8 – Créditos. Diga que viu essas lições aqui, no Surrealismo do Acaso!

Lição 9 – Museus. Obviamente leve seus aluninhos ao museu! *

*Thank´s to Incautos do ontem!





Multiverso de Somniu

16 03 2008

Noite passada, enquanto observava a lua crescente, que parecia um móbile pendurado em Vênus, lembrei de algumas músicas que gosto, onde a lua, ora é azul, em outras é verde, o que me parece depender muito da manifestação cerebral do momento… Meus pensamentos fluem de maneira associativa, muitas delas inusitadas e desta vez, saltei da lua para um texto que li a muito tempo sobre o mito surrealista da Deusa Somniu, que criou a si mesma e um multiverso para abrigar as criações espontâneas que brotavam de seu corpo a cada novo pensamento. Neste multiverso, a ordem era mantida graças a uma corrente telúrica, de um violáceo pálido, calmante e que ao mesmo tempo elevava as vibrações emanadas pelas criaturas até a camada de Phantasia, onde se condensavam formando pequenos acúmulos de força viva, que gravitacionavam em espiral expansiva, indo em direção aos vários mundos da deusa. Digo mundos, pois é mais fácil visualizar vários planetas do que uma cadeia de vãos planetários a serem ocupados numa infinidade de lugares em plena construção. Tudo, é claro, interligado pela imaginação. Somniu não tinha no princípio a intenção em criar o multiverso, porém a proliferação de criaturas era tamanha que estas acabaram por viver em agrupamentos em determinadas regiões do espaço disponível, cada qual conforme suas capacidades, que não eram poucas. Então, quando a deusa viu que suas criaturas estavam encontrando semelhanças entre si, visto que todas partiam da deusa, e formando pequenos grupos de convivência, previu que a criação do multiverso seria necessária a despeito inclusive da proporção gigantesca do aparecimento de tais seres. O multiverso era dividido em vários universos e estes em planetas menores, que eram divididos em sessões, sendo que cada sessão era muito maior que nosso planeta Terra, embora não possamos comparar em termos territoriais, mas levando em consideração que no multiverso da deusa, era de conhecimento e uso de todos até a quinta dimensão, podemos ter uma idéia da infinidade e da mistura de tempo e espaço. Os seres mais evoluídos – também nasciam criaturas de maus sonhos ou maus pensamentos e até Somniu tinha seus dias de enfado quando podia pensar coisas inúteis – poderiam até, mediante algum esforço e através de sextas ou sétimas dimensões, mudarem sua forma e ainda criar uma nova sessão para sua nova existência. Ao passo que os imperfeitos tinham a possibilidade de evoluir e se aprimorar.

Agora me foge o restante deste mito, lembro apenas que algumas criaturas chegaram mesmo a viver independentes da deusa como quando temos sonhos lúcidos e dentro deles podemos escolher os caminhos a percorrer. Vou procurar ao menos a fonte desta história… Deve estar em algum arquivo perdido. Isso lembra também alguns quadros de Miró, como Carnaval de Arlequim, onde tantas formas ocupam um mesmo espaço, de forma harmoniosa, de forma a se destacarem cada uma com sua beleza.

f.





Joan Miró

29 02 2008

O interessante da arte surrealista é que, apesar de ter “nascido” na França, têm seus maiores expoentes espalhados pela Europa. Joan Miró i Ferrà é um desses, nascido na Espanha, sua arte integra um seleto rol de artistas consagrados por ela. Suas obras, num primeiro olhar, são as que melhor se encaixam na idéia do total desapego aos pré-conceitos estéticos produzidos e consagrados até então. Como eu acho resumos biográficos uma péssima opção de postagem (isso porque se você quiser se aprofundar nos detalhes da vida de Miró, se não me engano, a UNESCO fez uma brochura com biografia e algumas obras) vou fazer meu comentário e apontar algumas das principais obras desse imprescindível artista do surreal.Miró

Não raro, se você mostar uma pintura de Miró a qualquer pessoa, ela dirá: “Mas até eu faço esses rabiscos! Meu filho, de 23 dias, pinta melhor”. Ledo engano! A sutileza de uma arte automata está justamente em descobrir o que aquilo te faz sentir, as pinturas de Miró não foram feitas para enfeitar paredes ou “combinar com o sofá” como diria o rei da Pop-art, experimente Números e constelações em amor com uma mulher que com certeza você vai entender do que estou falando.

É claro que suas pinturas também tem um certa diversificação, não raro, além de representar sensações, Miró optava pelo lugar certo do surrealismo, os cenários oníricos e as criações metafóricas, um belo exemplo que conjuga essas duas expressões é o Diálogo de Insetos e o Dançarinos II.

Por fim, vale lembrar que Miró fez muito mais do que pintar. Como sua relação com a vanguarda surrealista apesar de amistosa, não era grudada, a liberdade de seu trabalho tomou grandes proporções. Miró chegou a fazer pinturas em vidro, ilustrações para revistas e esculturas, prova disso está em Barcelona e Madri onde duas de suas esculturas podem ser encontradas (Mulher e Pássaro e Pedaço de merda).

Curiosidade: A Unesco, penso eu, tem certa predileção pelas obras miroínas de Miró, não obstante terem editado um livro de bolso sobre ele, no seu prédio em Paris, podem ser encontradas duas obras do artista, a saber: A parede da Lua e a Parede do Sol. Muito interessantes, confira!